Para
afastar do meu casebre a morte,
Deixei
o norte,
Na
esperança de encontrar minha sorte,
Atravessei
o nordeste e desci para o sudeste.
Comigo
sempre esteve a morte,
Que
trouxe presa no meu matulã,
Pra
minha família, que deixei no norte,
Ter
mais sorte.
Como
todo sertanejo, sou cabra forte.
Viajei
no lombo de burro,
Na
carroceria de caminhão.
Trouxe
no peito a tristeza
E
a dor da solidão,
Que
espantava cantando esta canção:
“está presa a morte
No meu matulã.
Quero que minha
mulher,
Que ficou no norte
Tenha mais sorte.
Um dia volto pro
norte,
Não quero mais ver a
morte.
Está presa a morte
No meu matulã
Quero que meus
filhos,
Que ficaram no
norte,
Tenham mais sorte.
Um dia volto pro
norte,
“Não quero mais ver
a morte”.
Cheguei
à cidade grande,
Perdi-me
no deserto de concreto.
Passei
frio, passei fome.
Fui
roubado,
Fiquei
até sem nome.
Só
não fiquei sem meu matulã,
Onde
estava presa a morte
Que
trouxe do norte.
Procurei
e não encontrei a sorte.
Peguei
meu matulã, estava vazio,
Tinha
me abandonado a morte.
Voltei
pro norte
Em
busca da minha sorte.
Sou
sertanejo, sou homem forte,
No
sertão do norte
Dizem
que sertanejo não chora,
Na
minha frente veio a morte,
Levou a minha mulher, meus filhos
E
também a minha sorte.
Aprendi
que no norte
Sertanejo
sofre e quase chora.
Pra
não chorar de tristeza e emoção
Eu
canto esta canção:
“não vou mais
prender a morte
No meu matulã.
Sei que minha mulher
aqui no norte
Com ela teve mais
sorte.
Nunca mais vou
deixar o norte
Pra procurar a
sorte.
Não quero mais a
morte
Presa na minha
matula.
Sei que meus filhos
aqui no norte
Com ela tiveram mais
sorte.
Nunca mais vou
deixar o norte
“Em busca de melhor
sorte”.
Enterrei
meu matulã aqui no norte
Pra
nunca mais prender a morte.
A minha sorte
Foi
ter nascido sertanejo forte.
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