Amanhece o dia,
Na Mansão do Morro
Ainda é calmaria.
Nenhuma chama de vela,
Nenhuma comida na panela,
Nenhum bico aceso de gás.
Lá a fome é voraz.
Todos estão acordados,
Continuam apertados,
No chão estão deitados.
Mais um dia que começa,
A fome sem avisar,
Sem ter porta pra bater,
Entrou e fez a criança chorar.
Sem ter leite pra beber,
Sem ter pão pra comer
Espera o amanhã chegar
Com a esperança que tudo
Vai se modificar
E a fome nunca mais vai
Na sua Mansão do Morro entrar.
Os dias lentamente vão
passando,
Os pais, de desnutrição,
Vão enfraquecendo,
Rapidamente envelhecendo,
Não percebem,
Mas estão morrendo.
Mesmo assim
A criança vai crescendo,
Com um amanhã melhor
Vai sonhando
E nada na Mansão do Morro
Está se modificando,
A fome, a todos, pouco a pouco
Está matando,
Ninguém tem forças
Pra matar a fome.
Amanhece outro dia,
Na Mansão do Morro
Ainda é calmaria,
A luz de quatro velas,
Apoiadas no fundo
De quatro panelas
Anuncia que a morte,
Não tendo porta pra bater,
Entrou sem avisar
E fez a criança órfã chorar.
Na Mansão do Morro
A vida vai continuar.
Poema extraído do livro "No Pé do Arco Íris"
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