Raimundo,
Filho do mundo,
Ainda menino foi abandonado
Pelos seus pais no sub mundo.
Atingiu a maioridade,
Sempre sozinho,
Caminhando pela cidade,
Sem saber ao certo sua idade,
Não faz idéia da sua naturalidade.
Seu nome não sabe escrever,
Não o deixaram aprender a ler,
Sem identidade
Não pode na escola se inscrever.
Não é vagabundo,
Ninguém sabe se é trabalhador.
Sem documentos
Não consegue trabalhar,
Ninguém o quer empregar.
Raimundo, será esse
O nome do filho do mundo?
Nem mesmo ele sabe.
Raimundo,
Não bebe e não fuma,
Dorme na rua,
Diverte-se com o clarão da lua.
Não é pedinte,
Diz ter requinte,
Não pede nada a ninguém,
Se derem, aceita até um vintém.
Não aceita ser chamado mendigo,
Diz ser fiel amigo
Da crueldade dos homens
Que valorizam um pedaço de papel
E não dão crédito a um ser
Que também é filho do Papai do Céu.
Raimundo,
Filho do mundo,
Exemplo de caráter e honestidade.
Ah! Se todos fossem
Raimundo.
Poema extraído do livro
No Pé do Arco Íris
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